domingo, dezembro 21, 2008

Estamos com fome de amor







Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias. Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos. Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida? Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós. Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!". Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis. Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta. Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois. Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida". Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabor






quinta-feira, novembro 27, 2008

Passional, completamente



Passional, completamente



Isso eu já sabia, óbvio.

Mas é completamente diferente quando passamos a ter consciência disso. Na verdade, e quero dizer que é uma daquelas verdades doídas, dói mesmo quando assumimos isso.

Eu sou um ser passional, completamente.

Eu amo ao extremo e odeio ao extremo também. Sou amiga ao extremo, não sou mulher de meias verdades. Embora apele para ao lado racional para analisar fatos (como todos bem sabem, contra fatos não há argumentos). Meu racional é equilibrado, mas ultimamente esta pendendo na balança para um coração frouxo. Daqueles que parecem palpitar em qualquer compasso e não possuem um ritmo compassado. Que droga, sempre tem que ter algo para atrapalhar um todo.

Neste momento se eu pudesse escolher ser menos passional, e mais racional sabe o que eu diria? Nem!! Eu quero ter certeza do que eu sinto e gosto que as pessoas saibam o que sinto por elas,mesmo sendo sempre extremamente realista, eu assumo: ou melhor, me rendo.

Ser completamente passional é não viver pela metade, é viver no limite.

domingo, outubro 26, 2008

;* ENLOU-CRESÇA




Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança.

De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.


Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela.

Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada.

Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.



ENLOU-CRESÇA...



Artur da Távola

Crônica do Amor


Crônica do Amor


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

Arnaldo Jabor

quinta-feira, outubro 23, 2008

Prazeres ...



Prazeres ...
...

Homens com roupas medievais, homens de cabelo grande, homens carecas, enfim, homens.

Pense o que quiser do título.
Ele não tem nada a ver com o que vou escrever.
Tem chances de ser aquilo mesmo...
A análise tem dado resultados.


Implicantes, caras de pau, donos do controle da televisão, simpáticos, modernos, super pais, cozinheiros, juízes, em geral, uns hedonistas, egoístas por natureza...rs...ok tudo bem, pra toda regra tem uma exceção...

Eu gosto muito do lado prazer.
Eu adoro

Vou falar no singular, primeira pessoa.

Adoro prazeres de todos os tipos e principalmente aquele que a companhia masculina me proporciona.

Um puxão de cabelo sempre me deixa arrepiada.

O prazer do depois , ficar na cama conversando, até querer de novo.
O prazer de fazer sexo no meio de um engarrafamento.( é...segredos de alcova...)

Prazeres.

O prazer de ler ...Rir muito até chorar...Acordar com sol.
O prazer de tomar vodka...Rever Poderoso Chefão, uma linda mulher...

O prazer enlouquecido de estar no camarote do sambódromo em frente ao recuo das baterias.

Dormir de meias.

Viajar. ( capítulo a parte! É meu prazer maior.)

Andar a pé em Nova York.
Andar em Paris.
E muitos outros...
Prazeres nunca são demais e nunca acabam.

Quer me contar um prazerzinho seu?

Vou adorar saber...

(By Idy- maio 2006)





"Doida ou Santa?"



"Doida ou Santa?"



Tenho restrições à Martha Medeiros, mas este texto me pegou. Em cheio.
'Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa'.
São versos de Adélia Prado, retirados do poema A Serenata.

A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar 'the big one', aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais.

Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo?

Mas, além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca.

Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então.

Também é louca.

E fascina a todos.
Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham.

Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota.

Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora.

E santa, fica combinado, não existe.

Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseja mais nada?

Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra.'

(Martha Medeiros)