domingo, outubro 26, 2008

;* ENLOU-CRESÇA




Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança.

De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.


Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela.

Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada.

Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.



ENLOU-CRESÇA...



Artur da Távola

Crônica do Amor


Crônica do Amor


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

Arnaldo Jabor

quinta-feira, outubro 23, 2008

Prazeres ...



Prazeres ...
...

Homens com roupas medievais, homens de cabelo grande, homens carecas, enfim, homens.

Pense o que quiser do título.
Ele não tem nada a ver com o que vou escrever.
Tem chances de ser aquilo mesmo...
A análise tem dado resultados.


Implicantes, caras de pau, donos do controle da televisão, simpáticos, modernos, super pais, cozinheiros, juízes, em geral, uns hedonistas, egoístas por natureza...rs...ok tudo bem, pra toda regra tem uma exceção...

Eu gosto muito do lado prazer.
Eu adoro

Vou falar no singular, primeira pessoa.

Adoro prazeres de todos os tipos e principalmente aquele que a companhia masculina me proporciona.

Um puxão de cabelo sempre me deixa arrepiada.

O prazer do depois , ficar na cama conversando, até querer de novo.
O prazer de fazer sexo no meio de um engarrafamento.( é...segredos de alcova...)

Prazeres.

O prazer de ler ...Rir muito até chorar...Acordar com sol.
O prazer de tomar vodka...Rever Poderoso Chefão, uma linda mulher...

O prazer enlouquecido de estar no camarote do sambódromo em frente ao recuo das baterias.

Dormir de meias.

Viajar. ( capítulo a parte! É meu prazer maior.)

Andar a pé em Nova York.
Andar em Paris.
E muitos outros...
Prazeres nunca são demais e nunca acabam.

Quer me contar um prazerzinho seu?

Vou adorar saber...

(By Idy- maio 2006)





"Doida ou Santa?"



"Doida ou Santa?"



Tenho restrições à Martha Medeiros, mas este texto me pegou. Em cheio.
'Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa'.
São versos de Adélia Prado, retirados do poema A Serenata.

A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar 'the big one', aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais.

Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo?

Mas, além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca.

Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então.

Também é louca.

E fascina a todos.
Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não importa a idade que tenham.

Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota.

Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora.

E santa, fica combinado, não existe.

Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseja mais nada?

Você vai concordar comigo: só sendo louca de pedra.'

(Martha Medeiros)