quarta-feira, março 04, 2009

"..."




Então vamos ao que interessa: estou me sentindo presa, os poros estão tampando. Acredito que seja um pouco estranha essa minha afirmação para os teus conceitos, porém é tudo o que eu posso te dizer, neste momento. Vou segurar a tua mão sempre disposta a minha, mas me perdoe se não forem todas as vezes o nosso enlaçar de mãos.


Desculpa se o meu peito arritmado não conseguir disparar, é que ele anda tão colorido, tão misturado que fica difícil tentar separar cor por cor. E, principalmente, pela primeira vez, durante todos esses anos, não quero a pressa de um amor intenso. Preciso separar essas três palavras e dosá-las para não perderem o sentido. É uma contradição sim – mais uma, não é mesmo? É que depois de tanto me atropelar, hoje, eu preciso de calma para sentir os meus pés no meio-fio. Sentir um por um. Sabore-ar. Impulso e vontade me guiam, descontroladamente.
Não sei bem aonde pretendo chegar, nem se há caminho, mas sabes bem dos meus vôos vitais.

[Passei anos com a alma enfiada no futuro e deve ser por isso que há em mim uma ânsia pelo presente, pelo instante-já sambado.]

E perceba: não há qualquer linha minha que demonstre um passo falho teu, Sorriso ;)

És flor nascente.

Tudo se trata de liberdade.

" (...) O meu mundo não é como o dos outros; quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta,atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudades...sei lá de quê!"
[Florbela Espanca]



"(...) como diz um poeta gaúcho, Gabriel de Britto Velho, "apaga o cigarro no peito / diz pra ti o que não gostas de ouvir / diz tudo". Isso é escrever. Tira sangue com as unhas. E não importa a forma, não importa a "função social", nem nada, não importa que, a princípio, seja apenas uma espécie de auto-exorcismo. Mas tem que sangrar a-bun-dan-te-men-te. Você não está com medo dessa entrega? Porque dói, dói, dói. É de uma solidão assustadora. A única recompensa é aquilo que Laing diz que é a única coisa que pode nos salvar da loucura, do suicídio, da auto-anulação: um sentimento de glória interior. Essa expressão é fundamental na minha vida."

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